menos com menos dá mais
não
te oiço
a
chuva costumava afectar bastante a minha disposição. os dias ficam
cinzentos e o céu parece que está zangado, ameaçando trazer à
tona qualquer pequena angústia, desenhando-a tridimensionalmente.
hoje não tenho absolutamente nenhum motivo para querer ficar em casa
com a chuva a bater na janela, embora cultive o romantismo do calor a
dois num dia de grande tormento. hoje gosto da ideia de que a chuva
limpa tudo, até os pensamentos. hoje gosto da chuva porque
precisamos da chuva para cultivar a terra e fazer crescer vida. hoje
gosto da chuva porque é um anti pirético natural do melhor. mas
sobretudo e mais espectacular que tudo, hoje gosto da chuva porque trouxe de volta as galochas, e agora com mais glamour! elas
regressaram e com elas a água sagrada que cai do céu em pocinhas
para saltar. acho mesmo que elas são o antídoto para combater os
fígados que um dia como o de hoje pode implicar, pelo menos, até
que o arco-íris surja por detrás das nuvens, como sempre surge.
não
me apetece falar
tenho
o maior respeito pelos sem-abrigo. aqui na rua onde trabalho há um
homem muito desarrumado e sujo que custuma espreitar pelos vidros e
ficar parado a olhar para nós cá dentro, sentados nas nossas
secretárias com o computador à frente. olha-nos como se fossemos
absolutamente estranhos. se ele não passa um dia, sentimos a falta
dele. verdade. penso que há um sentimento generalizado de pena, e
muitas vezes, de incompreensão acerca destas pessoas que vivem em
caixotes ou se acomodam nas paragens dos autocarros. É que nós é
que somos os estranhos, pois na maioria das vezes, um sem-abrigo não
vive na rua porque quer, e sim porque já não saberia como viver
noutro lado. As razões disso podem ser tão abrangentes como as
diferenças que existem entre cada um de nós, aqui nas nossas casas
quentes e vidas felizes.
não
cheiro o teu perfume
facto,
a crise existe, é real, está para ficar. pronto, já se fala tanto
nisso, os jornais, os apresentadores de televisão, os humoristas, a
música do Boss AC, não haverá forma de mudar o disco? preferimos
agarrar-nos ao facto de sermos o país do fado e da saudade,
alimentando o cliché da nostalgia e da pieguice. ainda assim,
conheço quem decida sair da sua zona de conforto (e não estou a
falar do sofá fofo lá de casa), e vá fazer pela vida. Um destes
dias lembrei-me que gostaria de partilhar com os outros a minha
energia para Sonhar (e não estou a falar daqueles sonhos que ficam
na almofada depois de deixarmos a cama quentinha todas as manhãs). É
um facto, a crise existe e não é apenas financeira, bolsista,
grevista. Facto, a crise é de valores, sentimentos e Sonhos. tudo
bem que existe um antes e um depois que divide a minha geração: os
filhos da Repressão e os filhos da Revolução. Eu sou da segunda
leva, e talvez por isso me intrigue quem viva numa ilusão que criou
de si mesmo, incapacitado de Ser e de sonhar com as coisas maravilhosas
de todos os dias.
não
és intocável
ter
auto-estima é fundamental nos dias que correm. conheço cada vez
mais pessoas com uma maior auto-estima, umas pelas evidências do
amadurecimento, outras porque a sua vida andou a brincar com coisas
sérias, como a saúde dos que amamos, ou terá sido pela tomada de
consciência de que, para além disso e de filmes de terror, não há
mesmo nada pelo que temermos nesta vida. foi assim que dei por mim a
reflectir sobre qual será a fronteira em que a nossa capacidade de
afirmação e auto-confiança, passa por arrogância ou défice de
humildade. já para não falar quando os egos areados competem entre
si. em todo o caso, não rejeitem orgulhar-se dos vossos feitos.
tragam-nos ao peito, enfrentem as armadilhas mais ardilosas, e em
última análise, celebrem também o sucesso daqueles que admiram,
como se do vosso se tratasse.
(ninguém
é desprovido de intuição)
gosto muito de muita coisa, mas não tanto como de Teatro. a semana passada comemorámos o Dia Mundial do Teatro e voltei a sentir, talvez, voltei a sentir que ainda há esperança. não só para mim, porque cada vez que vejo um palco me imagino nele, mas também para quem nele e por ele vive. tenho visto muito bom teatro, desde produções mais endinheiradas a outras mais alternativas. há uma peça de que gostei muito e que vi na Culturgest: “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, de Tiago Rodrigues. foi como se me lembrasse, de repente, que apesar de ser adulta - sim, penso recorrentemente que o “quando Eu for grande” é já - eu gosto muito de girafas e de ursos com nomes retro e que dizem palavrões feios. e da criança que nunca irá morrer em mim.
gosto muito de muita coisa, mas não tanto como de Teatro. a semana passada comemorámos o Dia Mundial do Teatro e voltei a sentir, talvez, voltei a sentir que ainda há esperança. não só para mim, porque cada vez que vejo um palco me imagino nele, mas também para quem nele e por ele vive. tenho visto muito bom teatro, desde produções mais endinheiradas a outras mais alternativas. há uma peça de que gostei muito e que vi na Culturgest: “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, de Tiago Rodrigues. foi como se me lembrasse, de repente, que apesar de ser adulta - sim, penso recorrentemente que o “quando Eu for grande” é já - eu gosto muito de girafas e de ursos com nomes retro e que dizem palavrões feios. e da criança que nunca irá morrer em mim.
Não te oiço
ReplyDeletea água lava-me a alma, e a chuva não é excepção.
não me apetece falar
Olha-vos como peixes no aquario?
não cheiro o teu perfume
Há 10 anos no meio de uma conversa non-sense um amigo meu disse "Tu és cor-de-rosa". Dou graças a deus por isso..
Não és intocável
Auto-estima & humildade - uma balança que para muitos é difícil de equilibrar